domingo, 20 de setembro de 2009

Corantes


CORANTES
Há 20.000 anos que o homem começou a exercitar-se no uso das cores. Os caçadores do Período Glacial já pintavam as paredes das cavernas reservadas ao culto, com fuligem e ocre, criando obras que resistiram milênios.
Com o tempo, muitos corantes naturais foram sendo descobertos e, com isso, colorindo o universo que cercava o homem então. Como seria possível imaginar um mundo, sem que houvessem as cores? Talvez parecesse com um deserto escuro e desolador.
Em princípio existem dois meios de se colorir um objeto: cobrindo-o com uma determinada substância colorida, ou fazer com que este objeto seja atacado por um composto, de modo a alterar sua coloração superficial. Devemos, contudo, diferenciar os pigmentos dos corantes solúveis; os pigmentos são pequenos corpúsculos corantes insolúveis que, se misturados com aglutinantes (como verniz ou laca), produzem tintas para cobertura. No caso dos corantes solúveis, as soluções penetram no material a tingir (sobretudo têxteis), não apenas lhe emprestando coloração, mas também reagindo com este material.
Durante séculos o homem utilizou corantes naturais. O vermelho imponente das capas dos centuriões romanos era obitido de um molusco chamado Murex, um caramujo marinho. Outro corante também muito utilizado é o índigo (ainda hoje utilizado para dar coloração às calças jeans), extraído da planta Isatis tinctoria; este corante era conhecido desde os egípicios até os bretões.
Na segunda metade do século XIX, o químico alemão Hofmann convidou um de seus alunos, Willian H. Perkin, para ser seu assistente. Perkin trabalhava sem descanso em seu pequeno laboratório caseiro, estudando a oxidação da fenilamina, também conhecida como Anilina, com dicromato de potássio (K2Cr2O7). Certa vez ao fazer a reação entre estes compostos, apareceu um estranho precipitado; após jogá-lo fora, e lavar os resíduos do frasco com álcool, Perkin se admirou com o aparecimento de uma bonita coloração avermelhada. Ele repetiu a reação sob as mesmas circunstâncias e obteve de novo o corante, que mais tarde o denominou "Púrpura de Tiro"; posteriormente, os franceses chamaram-no de Mauve, sendo adotado até hoje. Imediatamente Perkin patenteou sua descoberta e, com ajuda financeira do pai e do irmão, montou uma indústria de malva.
Após a descoberta da mauva, houve uma imensa corrida dos químicos para conseguir sintetizar outros corantes; entretanto, Perkin montou um amplo laboratório de pesquisa para dar apoio à sua indústria, onde conseguiu sintetizar outros corantes. Para se ter uma idéia do impacto que foi a descoberta deste corante sintético, basta dizer que ainda hoje utilizamos o termo "Anilina" para designar qualquer substância corante; apesar da anilina em si não ser um corante, e sim o ponto de partida para muitos desses.
Em 1874, já milionário, Perkin vendeu a sua indústria para se dedicar exclusivamente à pesquisa, passando a descobrir sínteses históricas. Nessa época, os corantes naturais, cultivados extensamente na Índia, já não conseguiam competir com os sintéticos, já que estes últimos possuem cores mais vivas e variadas.
Atualmente, uma indústria consegue oferecer corantes de mais de 800 tonalidades diferentes, e os computadores conseguem, através de programas específicos, misturar todas essas tonalidades resultando em quantidade e qualidade inatingíveis por processos industriais.
Mas por quê os corantes colorem? Sabe-se que as cores visíveis do espectro são vibrações de vários comprimentos de onda, desde 4000 até 8000 angstrons (1 angstron = 10-8 cm). Alguns compostos podem absorver certas faixas de comprimentos de onda; nesse caso, a substância aparecerá colorida com a cor complementar da absorvida. Complicado? Nem tanto. Basta saber que se uma substância absorve uma determinada coloração (vamos dizer assim para entender, certo?) ela terá a coloração da cor que complementa a que foi absorvida. Com um exemplo fica mais simples: se uma substância absorve o comprimento de onda que corresponde ao "azul-índigo", esta substância terá coloração amarelada; mas se essa substância absorvesse na região do laranja, ela apresentaria coloração azulada.
A química orgânica desde cedo relacionou a presença de certos grupos com a cor das substâncias; este grupos foram chamados de "Cromóforos". Os principais cromóforos conhecidos hoje são: -N=N- (azo) , >C=S (tio) , -N=O (nitroso) etc.
Há ainda substâncias que possuem a capacidade de aumentar a cor devida aos cromóforos presentes; são chamadas "Auxocromos". Um exemplo de auxocromos são os halogênios (cloro, bromo e iodo).

Nenhum comentário:

Postar um comentário